quinta-feira, 4 de abril de 2019

Camisa gola polo!

De todos os tipos de roupas masculinas que existem neste mundo,
a que eu mais odeio, sem sombra de dúvida, é a camisa gola polo

Além de ser extremamente quente, uma camisa gola pólo absorve
com bem mais fúria tudo que é de creme, spray antitranspirante e 
desodorante "rolom" antes de o dia acabar.
Quer desconforto pior do que começar a feder em pleno trabalho?
Toda camisa gola pólo costuma fazer com que as bactérias caguem adiantado
e isso traz desconforto, vergonha e indignação.
Segue mais duas coisas terríveis que são comuns pra quem veste gola polo,
além daquela terrível sensação de que a camisa está cheia de areia
(pinicando pra caralho):

1) Realizar dois compromissos por dia usando uma única camisa gola pólo.
Pode acreditar, no segundo compromisso a vontade de tomar banho é surreal.
2) Pegar respingos de chuva vestido com uma gola polo. Meu amigo! 
Depois que ela seca no corpo, ao contrário de qualquer camiseta de algodão, 
que fica "apenas" com um cheirinho de cachorro molhado, a gola pólo consegue 
feder à cachorro molhado, à sofá de cemitério e à cueca de caminhoneiro, 
tudo de uma vez ao mesmo tempo agora. Gola pólo é osso!

O mais engraçado é que nunca faltou uma camisa gola polo no meu guarda-roupa.
Por mais que eu não queira ou que eu não compre que nem camisas de bandas ou
de personagens de quadrinhos, a gola polo é essencial quando o caso é ir ao
banco ou participar de alguma reunião com clientes... É que a gola polo, por mais 
que seja chata e insuportável, tem lá seu respeito. A sociedade considera como 
"camisa de gente" (ouvi muito isso da minha Mãe) e é uma das primeiras opções
quando o quesito é "dar presentes". Apesar de ser a roupa que menos comprei, 
foi a que mais ganhei ao longo do tempo. 

Só a Sílmia, minha esposa, têm 3 grandes sobrinhos dinossauros que adoram
gola polo. Basta um deles organizar o guarda-roupa pra eu ganhar um monte delas.
Sem soar como um mal agradecido, mas foi com um desses mimos que passei, 
há 7, 8 anos anos atrás, um dos maiores sufocos da minha vida.  História tosca, 
azarada e estrambólica... Reparem só:

Eu ainda morava no Parque Manibura e as vezes costumava ir para 
o Jornal O POVO através do Terminal do Papicu. Nesse dia, por incrível que
pareça, eu não tinha nada pra vestir a não ser uma gola polo que havia ganhado 
de aniversário. Não lembro se da minha Mãe ou da minha ex-sogra, mas sei 
que já fazia quase um ano que ela estava guardada. Uma gola pólo branca com 
algumas listras azul e verde. Nova e cheirosa dentro do saco.

Desci no Terminal da Messejana por volta das 11 da manhã. 
Por ironia do destino, eu levava na mochila minha carteira de trabalho pra ser 
atualizada no RH. Detalhe: dificilmente ando com RG ou qualquer outro documento,
já que os perdi tantas vezes na vida que passei a deixá-los em casa e enfrentar
o mundo de cara limpa. Então... entrei no Messejana-Centro que já estava lotado 
e me escorei na porta do meio. Daí o ônibus seguiu seu caminho, mas por algum
motivo não saiu do Terminal. Ele parou no meio do trajeto e ficou lá por 2, 3, 4 minutos 
até que, de repente, o veículo começou a ser cercado por vários guardas municipais.
A porta do meio é aberta. Primeiro desce uma mulher chorando pra em seguida um
dos guardas gritar: 
— Quem tiver com uma camisa gola pólo branca, por favor, desça do veículo!
Ele falou a um metro de distância de mim, já que eu estava na porta do meio.
Caralho! Mas como assim? Lógico que desci... totalmente desorientado enquanto
tudo que era de passageiro olhava pra mim. Na pista de paralelepípedos
5 ou 6 guardinhas me cercavam com direito a um deles (uma mulher, por sinal)
apontando um revolver de choque pro meu rosto. 
Distancia de meio metro - era amarelo e bonito.
— Peraí! O que está havendo?
— Esta senhora aqui disse que roubaram o celular dela dentro do ônibus. 
E a pessoa que roubou tá com uma camisa igual a sua.
— Comequié? Como assim? Igual como? Era eu, por acaso? 
Senhora, eu roubei você? Responda pra todo mundo aqui... Senhora...
Não adiantava perguntar nada! A senhora continuava chorando e sequer 
levantava a cabeça pra me reconhecer como "autor do crime".
Fudeu! Na altura do campeonato, quanto mais eu dava dois passos pra trás, 
a mulher com o revolver de choque dava dois pulinhos na minha direção. 
Com a porra do revolver no meu rosto. Ridículo. 
Enquanto isso, o ônibus continuava parado, o terminal inteiro assistia 
a situação e mais ônibus buzinavam pra descongestionar a pista.
Foi aí que lembrei da Carteira do Trabalho que estava na mochila. 
Só que antes de explicar metade do que queria, a mesma mulher do 
revólver toma a Carteira da minha mão como se ela fosse a grande 
pica grossa da porra toda! E era!
Plateia assistindo, ônibus parado, mulher chorando e todos 
os guardas fazendo 300 perguntas ao mesmo tempo...
— Que merda isso vai dar? -  Pensei. Até que alguém gritou lá de dentro 
do ônibus que tinha outra pessoa vestida com uma gola polo branca! PQP!
Eis que desce um sujeito de bermuda, descalço, mochila nas costas e, SIM, 
uma camisa gola polo IDÊNTICA a minha. Apesar da coitada já ter passado 
da validade de ir pro lixo (suja, encardida e esfolada) era igual, igual, igual e igual... 
Problema foi resolvido?
Calma. Antes ainda tive a honra de ficar ao lado do sujeito pra que 
a vítima apontasse quem lhe roubou. Aí foi minha última gota d'água.
— Senhora! Quem lhe roubou foi eu ou ele aqui? Responda agora ou eu 
vou ter que tomar as providências mediante a empresa que trabalho. Pronto!
Quando meu limite de paciência atingiu o ápice a ponto de mencionar 
"empresa que trabalho", passei a ser mais respeitado diante da situação. 
Imaginem só:ameaça, racismo, preconceito, constrangimento, vergonha... 
já estava demais pro meu dia. 

Retornei ao ônibus com um misto de alívio e arraso (explicando
repetidas vezes o que tinha acontecido), enquanto que o ladrão do celular 
(o aparelho foi encontrado dentro da sua mochila) acabou sendo escoltado
sabe lá Deus pra onde... Coitado!
É que, apesar dele ter me colocado em um rabo de foguete dos Infernos, 
o miserável, não passava de mais uma vítima da maldição das camisas 
golas polo (além de vítima do sistema)Uma maldição que apesar de 
trazer gastura, desconforto, calor e tantas outras aporrinhações, é campeã 
disparada no quesito "peça de roupa mais copiada do universo". 
Aí é putaria demais, Batman!

BICHOS DA NOITE!

Dizem que NOVA YORK é uma cidade que não dorme.  PUFF! (peidando na boca!) --- não vou nem tão longe, meu caro! Já estive em São Paulo e, po...