quarta-feira, 12 de abril de 2023

Capitalismo Selvagem e PRECONCEITO racial!

Lembra daquele caso em que um negro morreu covardemente nos EUA porque teria tentado comprar uma carteira de cigarros com uma nota falsa de 20 dólares?
Isso comoveu o mundo e (novamente) revoltou os próprios americanos que, sabiamente, promoveram diversas manifestações de um nível que não se via desde o auge do NWA - banda de rap que, após sofrer uma humilhante batida policial na porta do seu próprio estúdio (1988) - criou a música "Fuck The Police" - que deu início uma das maiores revoluções da história do gênero!

Pois bem! Estatísticas mostram há anos que os negros sãos as maiores vítimas do preconceito racial seguido de morte. Se for negro, é bandido. Se for preto, é vagabundo. Ladrão, desocupado, perigoso, suspeito... Eu mesmo sofro preconceito todo dia. Afina de contas, se estou seguindo numa rua e surge uma mulher (senhora ou garota) vindo na minha direção MAS QUE atravessa desesperadamente pro outro lado EU TRATO isso como preconceito SIM. Pois se fosse meu irmão mais novo (que é quase loiro, branco e bonito) ela teria continuado seu caminho e, no mínimo, teria arreganhado um sorriso pro pimpão.
E quando alguém ignora um lugar que tá vago ao meu lado dentro do ônibus? Simplesmente a pessoa fica em pé na cara dura, toda orgulhosa e ciente de que sou uma criatura da pior espécie.
— Deve ser favelado, ladrão ou simplesmente feio. Negrinho feio!
Ahhh pode ser exagero pra alguns, etc e tal... e quer saber? Modéstia à parte, tudo isso é fichinha
EM RELAÇÃO a um episódio específico que passei e que poderia ~~~SIMPLESMENTE ~~~ter acabado tal e qual ao do negro americano.

Foi assim:
Após receber meu PRIMEIRO SALÁRIO no Jornal O POVO em junho de 1998 - eu e um amigo fomos na Feira da Messejana comprar umas roupas - Dia de DOMINGO! 100% GARANTIA de lotação, fartura, apurado além da conta, baderna, putaria e emoção!..

Eu estava super feliz, muito feliz, pois era o auge das famosas "roupas super legais de marcas" - Alegria das periferias!.
Greenwich, Pena, Maresia, Sem Sérebro, Aggy... e depois de muito rodar pelas barracas, escolhi duas camisas com as estampas muito bonitas... na hora que fui pagar, veio o susto.

O vendedor - um velhinho corcunda, meio carequinha, de camisa aberta e mãos trêmulas - colocou a nota de 50 reais em direção ao sol e gritou bem alto:
— Onde foi que você arrumou esse dinheiro? ESSE DINHEIRO É FALSO. VAMOS AGORA MESMO NA DELEGACIA.
Detalhe:
Com a esposa do lado - uma velhinha que calada estava e calada ficou.
Detalhe 02:
Quem conhece a Feira da Messejana sabe que a delegacia fica (ou ficava - nem sei se ainda funciona) bem no meio do chafurdo.
E lá fui eu atrás desse velho desgraçado que gritava escandalosamente - das barracas de roupas até o outro lado da praça, passando por dentro do mercado, das verduras, DVDs, sapatos, peixes, temperos, o caralho... pra cada seção, uma pausa pra levantar a nota pro céu e repetir em voz alta: " SEU vagabundo, safado, ladrão, marginal... sem esquecer do fabuloso adjetivo na frente.
Seu NEGUINHO isso... Seu NEGUINHO aquilo...Neguinho, sempre o neguinho.
Eu era um negrinho SIM e meu amigo mais ainda.
E ATÉ continuamos sendo. Embora esse amigo hoje more em PORTUGAL como um CHEF de cozinha de primeira!

Mas voltando pra meados da década de 1990 - quando a humanidade vivia seu estágio avançado de selvageria cultural - um outro amigo que era feirante dessa praça (mas que, por azar, estava de folga no dia do ocorrido) até já havia me contado sobre uma suposta tradição que existia na feira - feito entre os barraqueiros, feirantes, clientes e ambulantes - caso um ladrão fosse pego em flagrante.

— Cara, eles arrastam o coitado até a lagoa (uns 100 metros) pelos braços e pelas pernas, enquanto a multidão vaia e xinga mesmo sem alguns nem saber do que se trata. Se ele é inocente, se foi um engano ou se armaram pra ele... Ou seja, o grande circo midiático dos anos 1990.

— E chegando na lagoa, não tem perdão. Enfiam a cabeça dele na água e deixam ele se batendo até dizer chega. Dizem até que alguns perdem a consciência e até desmaiam...
TENSO!!!
Em alguns momentos, confesso que nem queria mais saber da nota Só pensava em sair dali sem ser afogado - pois humilhado eu já estava! Ao mesmo tempo, precisava ir até o fim só pra provar a minha inocência (ou nossa!). Eu sabia que a nota era verdadeira - pois quem me deu foi a mulher da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - agência Aldeota - tarará tarará - só que ao mesmo tempo, bastava que um verdureiro escroto (ou algum cliente que tenha tomado umas doses) gritasse: "PEGA LADRÃO!" que estávamos fudidos!
Resumindo:
FOI ENTÃO QUE, por pura sorte e por Deus - que deve ter assoprado no ouvido de cada pessoa ao longo do trajeto - pois eles sentiam pena e confiança por nós (eu e o meu amigo) AO INVÉS DE ASCO - e mais ainda no DELEGADO - que daria o veredicto final da confusão.

Aconteceu que, SIMPLESMENTE, ele pegou a nota e respondeu SEM PISCAR:
— se isso aqui é falso, eu queria umas dez dessa pra mim.

isso, depois de BOCEJAR (eu juro!) por uns 20 segundos... pra depois jogar a nota em minha direção - caindo ela em cima de sua mesa.

PENSE NO ALÍVIO! Ou LIVRAMENTO! Ou INTERVENÇÃO DIVINA mesmo! Ou os três e mais alguma coisa... E digo mais:
Quando saímos da delegacia, o velho ainda veio bodejar pro meu lado.
MAS dei um empurrão nele (por impulso mesmo!) que caiu todo escambichado por cima de uma viatura.
O povo riu e estávamos salvos!
Alívio da porra,
MAS JÁ PENSOU O CONTRÁRIO?

Apesar disso, não fiquei com trauma de feiras livres - já que o nome diz tudo: LIVRES!

Já em relação ao ser humano do tipo covarde e maquiavélico...
Esse pra sempre vou ter arrepios!

PRA FINALIZAR:
Em relação a morte do negro americano,
Será que alguém parou pra pensar que o grande CULPADO pode ter sido o vendedor ???


Sem comentários:

Enviar um comentário

BICHOS DA NOITE!

Dizem que NOVA YORK é uma cidade que não dorme.  PUFF! (peidando na boca!) --- não vou nem tão longe, meu caro! Já estive em São Paulo e, po...